terça-feira, 7 de julho de 2015

Cyberporn

Essa é pros amiguinhos.

Eu sei que todos vocês, do sexo masculino, recebem ou já receberam fotos e/ou vídeos pornográficos no Whatsapp. Alguns compartilham, outros, não.

Compartilham se for de uma desconhecida porque não têm comprometimento, se a conhecerem pra se gabar disso, se for uma famosa pra matar a curiosidade dos amigos, se tiver fama de "santinha" pra mostrar "a realidade" ou se for "piranha" pra confirmar o julgamento.

Não pensam que a maioria desse material caseiro é enviado sem a autorização da menina.

Quando uma mulher é vista por terceiros fazendo sexo, automaticamente passa a ser uma vagabunda. Ninguém sabe da vida dela, se é casada, se já deu pra dez, mil ou só aquele do vídeo.

Um homem nessa situação recebe tapinhas nas costas e um "mandou bem" aqui, outro "parabéns" ali. Perguntam quem era a gostosa.

A mulher é chamada de piranha. Desconhecidos pedem na rua que ela repita com eles o feito do vídeo. Comentam sobre seu corpo. Colegas e familiares se decepcionam com ela, como se ela tivesse decidido virar puta ou atriz pornô. Ainda que tivesse, esse seria um assunto particular. Mas não. Ela não escolheu nada. Simplesmente a tornaram uma coisa que ela nunca foi, nem quis ser.

Nossa sociedade ainda tem problemas em aceitar que a mulher tem desejos sexuais, que ela não precisa ter a imagem imaculada de Mãe e santa.

Tenho quase certeza que você, que está lendo, não faria tal tipo de bullying. Mas ao compartilhar esses conteúdos sem saber a sua procedência, você está prolongando o sofrimento de uma mulher que poderia ser sua irmã, sua prima, sua filha.

Não preciso mencionar os tantos casos de suicídio por conta disso, preciso? Crianças perderam suas mães, mães perderam sua filhas.

Deixo claro também que não é um erro se fotografar ou filmar, e sim, confiar na pessoa errada, um parceiro que se aproveita do amor do outro, às vezes chegando a usar de chantagem ou vingança para conseguir o que quer. Ou então, ela pode ter dado o azar de ter seu celular ou computador caindo em mãos erradas. Essas coisas não estão no controle de ninguém.

Bem, meu objetivo com esse texto é pedir que  vocês não compartilhem esse tipo de material duvidoso. Vejam bem, existem revistas, canais de televisão e sites especializados nesse conteúdo e que só publicam quando têm autorização para tal.

Mas quem sou eu para pedir-lhes uma coisa dessa? Sou uma mulher, uma filha, futuramente, uma mãe, tia... E não quero que mais nenhuma menina passe por isso.